Os motores elétricos podem
ser energizados de diversas maneiras, porém é interessante que uma análise
preliminar seja realizada para identificar a forma mais adequada em cada
situação específica. Nem sempre é possível estabelecer a partida ideal de forma
simples, por que existem muitas características particulares tanto nos motores,
quanto no sistema elétrico de potência – SEP que este será inserido.
Os tipos mais comuns de
partida são: direta, direta com reversão, estrela/triângulo, compensadora, eletrônica
suave (Soft Starter), eletrônica com controle de torque e velocidade
(Conversores/Inversores) e eletrônica compacta. Nosso objetivo será apresentar
cada uma delas de forma resumida em uma série de artigos, pois o detalhamento
de cada projeto requer um estudo criterioso e tornaria a leitura maçante.
Iniciaremos com a mais simples de todas, a partida direta.
Partida direta de
motores trifásicos
A partida direta para
motores trifásicos é o tipo de ligação mais simples dentre todas, já que o motor
irá receber a alimentação da fonte praticamente direto da rede elétrica,
dependendo apenas de dispositivos de seccionamento como os disjuntores, relés
térmicos ou contatores.
Apesar da simples
implementação, a partida direta possui algumas características que devem
ser observadas. Como os disjuntores não são dispositivos que suportam um
número elevado de manobras, estes não são recomendados para partidas de motores
que constantemente sejam energizados e desenergizados. Outro fato importante é
que na partida os motores exigem elevadas correntes, interferindo diretamente no
desempenho da rede elétrica e consequentemente em todos os demais dispositivos
por ela alimentados. Assim, a partida direta é mais interessante em casos onde se
exija o desempenho máximo do motor logo no início do seu funcionamento.
Restrições de uso
Para garantir a segurança
das instalações, o bom funcionamento do motor e a vida útil de todos os
equipamentos do sistema, existem algumas restrições em relação à utilização da
partida direta nos motores, que são:
- Os motores devem
ser energizados sem carga (a vazio), e só depois de entrarem em regime normal
de funcionamento, a carga poderá ser aplicada;
- As instalações
elétricas devem ter capacidade de conduzir não só a corrente nominal do motor
em regime normal de funcionamento, como também a corrente de pico do motor
durante a partida que pode ser até 8 vezes maior que a nominal;
- A potência máxima admissível para os motores que serão energizados em partida direta é de 10 cv. Essa potência pode ser ainda menor, pois também pode ser limitada pelas normas das concessionárias de distribuição de energia.
Diagramas de força
Como já dito antes, não se
deve utilizar simplesmente disjuntores para montar partidas de motores
elétricos. Dessa forma, o recomendado é sempre montar um quadro de comando
(CCM) para um motor ou para um conjunto de motores e nele acondicionar todos os
elementos de força, comando e proteção. É essencial investir em um projeto bem
elaborado contendo diagramas e memorial descritivo, bem como executar o projeto
obedecendo criteriosamente às suas diretrizes. Isso garantirá longevidade ao
sistema e facilitará futuras intervenções.
Como é possível visualizar
o diagrama de força no exemplo da Figura 1, a rede elétrica é trifásica,
composta pelos condutores de fases ( R, S, T ), pelo condutor de neutro ( N ) e
pelo condutor de proteção ( PE ). O conjunto de fusíveis F1 limita a corrente e
protege o circuito contra curtos. O contator K1 é o dispositivo de manobra
ideal, pois foi desenvolvido para esse fim. Ele será operado pelo circuito de
comando. O bloco do relé térmico FT monitora a corrente do circuito,
protegendo-o contra sobrecargas. M1 representa o motor ou o conjunto de motores
alimentados pela partida direta.
Diagramas de comando
O diagrama de comandos
representa a lógica de acionamento dos contatos elétricos que irão manipular o
funcionamento dos elementos contidos no circuito de força. Durante o processo
de montagem, a identificação de cada dispositivo e dos condutores usando
anilhas ou qualquer outro método é altamente recomendado.
Como é possível visualizar
o diagrama de comando no exemplo da Figura 1, a alimentação é feita através de
uma das fases ( R ) e o neutro ( N ). Os dispositivos de comando geralmente
dispensam o uso de condutores de proteção ( PE ). O fusível F2 limita a
corrente do circuito de comando em caso de falha de algum dispositivo. A
botoeira S0 possui contato normalmente fechado, sendo usada para desligar o
circuito. A botoeira S1 tem contato normalmente aberto e é usada para energizar
a bobina do contator K1 e ligar o circuito. O contato normalmente aberto do
contator K1 mantem a bobina energizada e consequentemente o motor ligado enquanto
S0 não for pressionado. O outro contato normalmente aberto de K1 é usado para
ligar uma lâmpada piloto e indicar que o motor está em funcionamento.
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Figura 1: Diagramas simplificados da partida direta de um motor elétrico trifásico |
Esperamos ter esclarecido
algumas dúvidas. Em breve daremos continuidade à série de tipos de partida de
motores. Em caso de dúvidas sobre este assunto, deixe nos comentários que
iremos responder. Obrigado!